terça-feira, 16 de junho de 2015

Sobre janelas e portas


É isso ai

Não vou ficar explicando o motivo da ausência neste blog, mesmo porque não sou o foco desta joça. Me limito a dizer que foram dias de luta.

Uma novidade que posso adiantar é que mudei um pouco o foco das publicações. Muitas vezes me deparei com histórias interessantíssimas sobre artistas, discos e afins, portanto, quero compartilhar mais do que o porquê da composição. Quero exemplos (parafraseando o Datena "quero imagens") de como muitas coisas dão certo, mesmo parecendo erradas. E é essa a história de hoje. Algo negativo que se tornou (muito) positivo. 

Tem quem o odeio, mas Sam Smith é o cantor britânico com um belo timbre do momento e portador de um coração partido.  Até aí, mais do mesmo, afinal vários poetas e compositores tiveram composições geniais por conta da "dor de amor".

Porém, poucos deles levam 4 Grammy's por isso. Pra você que não sabe o que é um Grammy, eu vou explicar. Sabe o Oscar? Então, é isso, só que para músicos. Tem gente que cortaria um dedo por isso, sabia?!

Porém, não são de dedos que trata este texto e sim de como coisas ruins podem se tornar boas. Sam, homossexual assumido teve uma "janela" no meio de tantas portas fechadas. Ao receber o último prêmio, ele disse: "Obrigado ao cara que partiu meu coração, você me deu quatro Grammys".

Portanto, sugiro uma reflexão acerca dos episódios "sarcásticos", "tenebrosos", "injustos" de sua vida e pense se no meio de tanto dissabor, há uma saída de mestre.



I'm not the only one - Sam Smith
Disco: In the Lonely Hour - 2014

segunda-feira, 9 de junho de 2014

E meu medo maior é o espelho se quebrar

Não vou mais me desculpar e fazer juras de amor eterno à este blog. Sumi mesmo. Passei por lições nestes meses, praticamente provas de fogo. Deus anda brincando no "mode hard" quando se trata de minha vida. Novela mexicana, costumo dizer, e penso que o Homem tem uma criatividade absurda.

Dia 15 fará 01 mês que minha avó foi-se deste mundo. Dias de luta... Lembranças que os meus vinte e oito anos nesta casa convivendo com ela me traz dia após dia. Do "cheguei vó!" até o "lembrou que tem vó?".

Não se enganem... ela não era um doce de candura. Muito autoritária, muito negociadora, muito firme, teimosa como todo bom italiano deve ser. Ao mesmo tempo, dependente emocionalmente, beirando ao mimo de uma criança.

Minha avó me trouxe lições de vida, contou-me histórias fantasiosas de seu passado, me defendeu por várias vezes e fez minhas vontades, sendo eu a vecchiaia. Irônico não?

Os dias não ficaram mais fáceis depois de sua morte. Agora não tenho a verdadeira vecchiaia para tirar o medo. Troco de mal com Deus várias vezes por ter levado a pessoa que mais amou a vida e viver.

Este texto não é leve. Não é alegre. Não é colorido. É um cinza... cinza de saudades. Não espero pêsames, espero entendimento da vida. Te entendo João. Sei que o que te levou a escrever "Espelho", em conjunto com Paulo César Pinheiro, foi o seu velho pai, boas lembranças, uma autobiografia... memórias de um jogador que chutou mal e machucou o dedo de verdade, mas não tinha mais quem o amparasse.

Faz parte do jogo. As vezes saímos de um campo, para vencer em outros. João fez isso. Deixou de ser futebolista e se tornou um excelente cantor/compositor. Vai ver que é isso que me espera. Só espero que meu espelho nunca venha a se quebrar.


Coloquei Diogo Nogueira, tendo como fundo imagens de seu pai, João Nogueira. A canção pertence ao álbum Espelho, de 1977. Minha recomendação é: ouça com atenção, tanto pai, como o filho cantando, é impressionante a semelhança em algumas estrofes.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Querida, cheguei!

É isso aiiiiiiiii, Estou de volta ao comando de novo.

Sim, após um longo e tenebroso período, eu decido voltar a escrever para o meu bom e velho blog.

Explicando rapidamente o que houve, posso dizer que no meio do caminho tinha uma pedra. Uma pedra, um exame da OAB, um cursinho, um trabalho que exige minha atenção, uma desapropriação, um monte de coisas, portanto não foi de propósito o abandono.

O lado bom é que após a tempestade, veio a garoa - se engana quem pensa que estou na bonança - e com ela tive a oportunidade de rever conceitos, valores e atualizar velhos hábitos, sendo um deles ficar fazendo porra de coisa nenhuma, rodando canais na TV, indo ao cinema, vendo seriados e documentários (na maior parte banho de sangue de um dos canais do Discovery), mas o que me trouxe o maior regozijo foi voltar com a minha banda. Ano novo, formação nova.

A banda me obrigou a voltar ouvir músicas e procurar versões. E estava eu, em um dos meus momentos de "descontração", vendo um dos seriados da super-tv-a-cabo-que-tem-várias-opções (só que não) e consegui achar um programa que se salvasse: a série que conta a vida de Bonnie e Clyde.

Sabe quem é a dupla Bonnie e Clyde né? Aqueles que aterrorizaram os Estados Unidos na década de 30... Não lembrou? Veja aqui então.

Enfim, não é o foco. O que me chamou a atenção neste seriado, além da bela produção, foi a música tema. Bang Bang (my baby shot me down). Fiquei abestalhada, como diria o grande Tiririca ao saber que a música tem uma das interpretes mais peculiares da cena musical: a Cher. 

Dizem que se houver uma guerra nuclear quem sobreviverão serão as baratas e a Cher, que, venhamos e convenhamos já passou por umas poucas e boas, inclusive com esse marido, autor da música, maaaassss isso também não vem ao caso.

Voltando de novo ao assunto, a bela canção foi escrita por Sonny Bonno (que Deus o tenha em seu santo descanso) teve sua primeira interpretação com a fênix da música pop, em 1966. O sucesso foi tanto que no mesmo ano foi regravada pela filha de Frank Sinatra, Nancy.

E como se não bastasse o sucesso de 66, a música teve interpretações de outros grandes nomes das antigas e da atualidade, com versões em vários idiomas (versão em Romeno tá bom pra você?). Esse ano teve mais uma regravação (e remixagem), por David Guetta com Skylar Grey (gravem esse nome, por que a moça canta e compõe horrores), além de já ter sido utilizada em filmes como Kill Bill de Quentin Tarantino e Zodíaco de David Fincher.

A música vem dramatizando e transbordando emoção há décadas. Você ouve, sente a pancada da bateria. Na sequencia, sente esvair em sangue, vai desfalecendo com cada acorde da guitarra e a batida do baixo. É ser deixado, sem aviso. É como um tiro bem no meio do coração... um estampido... É um "bang bang".

Em qual disco você pode achar (entre tantas versões): Bang Bang (My Baby Shot Me Down) de Nico Vega - 2013

sexta-feira, 26 de abril de 2013

De médico e louco, todo mundo tem um pouco


Após 1 mês, o blog que cheira a mofo quando abre na tela do seu PC recebe um texto mediano desta que vos escreve.

Agora que acabou um pouco aquele “mimimi” da morte do Chorão, eu vou escrever sobre uma música do Charlie Brown Jr – não, não é Céu Azul - banda que representou o rock nacional por um bom tempo, quer você queira, quer não. Não seja hipócrita ao dizer que nunca gostou de uma música dos caras.

Posso não concordar com o comportamento, mas nada impede de que eu reconheça de que ele tinha uma percepção e um dom incrível para escrever. A experiência do Chorão em 2005, após um culto evangélico fez render um dos maiores sucessos do disco Camisa 10 Joga Bola Até Na Chuva (vamo combinar que o nome do álbum é sensacional também), a "Só os Loucos Sabem", onde ele tentou aprimorar sua percepção sobre o sentimento de união e de amor.

Pior que assim, ouvindo novamente a música após realizar a minha pesquisa eu entendi a letra. Antes pra mim era um monte de frases desconexas, que traziam mensagens bacanas, mas que no fundo não diziam nada com coisa nenhuma.

Sem blá blá blá gente, é sério. Quem frequentou alguma vez na vida uma igreja e similares vai entender o que eu estou dizendo. Você se sente acolhido, querido, fazendo parte de algo e honestamente, às vezes é tudo que o ser humano precisa. Buscar o sentido das coisas e da vida não é tarefa fácil, mas não custa tentar e, via de regra, você tenta fazer isso através de Deus ou da religião (ou de um psicólogo, se você é mais “Cult”).

Mesmo assim, ele assumiu que ainda não estava pronto para algumas coisas, que um dia chegaria lá e foi embora, depois de muito ouvir e observar. Passam-se dois anos e no Citibank hall lotado, onde acontecia a gravação do primeiro DVD da Igreja que ele foi e na mesma noite um cd ao vivo do Rodolfo (ex Raimundos, evangélico convertido, lembrou?) ele teve a oportunidade de viver algo - que eu julguei muito bacana pelo menos – que ele colocou na música. Segue o relato do pastor, da conversa que teve com o Chorão naquela noite:

"Pastor, da primeira vez, no litoral, estava com os dois pés atrás, hoje com os dois na frente... Estava me sentindo uma formiga, depois de receber o carinho do povo, estou me sentindo um elefante." Me lembro de ter dito: "Você é amado", ele continuou: "Dá parabéns para sua esposa, lembro dela de Santos, as músicas dela me tocaram"... E ainda: " Tô chegando pastor, minha fé hoje é viva..." Depois de um tempo, ele nos avisou que havia feito uma música com base no que viveu naquela noite, era o lançamento de "Só os loucos sabem".

Dá coragem ter a sensação de uma “rede de segurança” amparando você para se jogar. Denomine a sua rede de segurança como quiser, tem gente que chama de Deus, Buda, Maomé, Cristo, Yeshua, Jesus ou simplesmente acredita no que não vê. Mas isso meu caro amiguinho, só os loucos sabem o que é. 

                           Em qual disco você pode achar: Camisa 10 (Joga Bola Até na Chuva) - 2010

quinta-feira, 21 de março de 2013

Mudaram as estações


E chove em São Paulo... Eu não sou dada a tempo chuvoso, nublado, cinza e frio, mas eu consigo conceber a necessidade deles – principalmente após o calor do Senegal que fez nessa terra em que vivo – e da sensação de encerramento de um ciclo e início de outro.
E toda vez que chega março eu lembro das águas de março que fecham o verão e que trazem a promessa de vida no seu coração. "Águas de março" foi composta por Tom Jobim em março (meio que óbvio) de 1972. O tema começou a ser trabalhado ao violão em seu sítio do Poço Fundo, em São José do Vale do Rio Preto, região Serrana do Rio de Janeiro – que vamos combinar, chove pra caramba – e de acordo com depoimento de Thereza Hermanny, esposa de Tom à época, a inspiração para "Águas de Março" surgiu ao final de um dia cansativo de trabalho provocado pela composição de "Matita Perê" (futura parceria com Paulo César Pinheiro), de onde decorrem os primeiros versos "é pau, é pedra, é o fim do caminho".
Tom, ainda de madrugada, bateu na janela e acordou a irmã Helena e o cunhado para lhes mostrar o primeiro rascunho da letra, com a introdução e as primeiras frases, escritas a lápis em um papel de embrulho de pão. Não surpreende que em um primeiro rascunho da letra contivesse um grande número de referências pontuais: "o projeto da casa", "a viga", "o vão", "a lenha", "o tijolo chegando", "o corpo na cama”, ou seja, a pura preguiça (no bom sentido).
De volta ao Rio de Janeiro, concluiu a canção em uma tarde. Assim que a terminou, Tom passou no Antonio's, um restaurante que frequentava e convocou todos os amigos que ocupavam a varanda para ouvirem, na sua casa, a música nova.
Segundo consta, a canção teve duas grandes fontes de inspiração. Uma é o poema "O caçador de esmeraldas", do poeta Olavo Bilac ("Foi em março, ao findar da chuva, quase à entrada / do outono, quando a terra em sede requeimada / bebera longamente as águas da estação (...)") e a outra é um ponto de Umbanda, gravado com sucesso por J.B. de Carvalho, do Conjunto Tupi ("É pau, é pedra, é seixo miúdo, roda a baiana por cima de tudo").
E no fim é uma reflexão para o fluxo da vida, do ano, dos meses... Quer representação de transformação maior que as estações do ano? Num momento filosófico me atrevo a dizer que a vida é uma estação mesmo... tem um período seco, árido, depois uma tempestade, umidade pra no fim poder renascer saudável, mais uma vez.
Em qual disco você pode achar: Elis & Tom (1974)

domingo, 10 de março de 2013

Qualquer semelhança não é mera coincidencia

Que todo mundo tem ideias de "gênio" isso é fato. Claro, tem gente que abusa da "genialidade" e faz umas besteiras dignas de uma ameba. Eu tentei me manter imparcial sobre determinados assuntos neste blog, entre eles futebol.

Quem me conhece sabe que sou corinthiana até o último fio destes cabelos longos e castanhos mas, até eu, no auge da minha paixão não dispararia um sinalizador nem pro alto e nem contra a torcida adversária. É óbvio que ia dar merda.

Quer ver como isso é histórico? Trarei aqui um exemplo, leitor "amadenho". Em 1971, o Deep Purple foi para Montreux, que fica na Suíça, gravar um álbum e na ocasião eles estavam usando um estúdio móvel muito conhecido naqueles tempos chamado, Rolling Stones Mobile Studio. 

Até ai tá tudo certo. Um dia antes de iniciar as gravações rolou um show do Frank Zappa and The Mothers no teatro Cassino Montreux e foi aí que começou a sucessão de desgraça. No meio do solo de sintetizador de “King Kong” um incêndio se iniciou e UM GÊNIO que estava na platéia disparou um sinalizador no teto de rotim. Resultado: um incêndio generalizado que destruiu apenas a estrutura do cassino e TODOS os equipamentos da banda de Zappa. Olha que joia!

A fumaça das chamas se espalhou pelo lago de Genebra, o que deu origem ao nome da música Smoke on the water. A confusão foi tanta que o Deep Purple teve que deixar o hotel que ficava em frente ao cassino e procurar por outro. Por estarem com uma unidade móvel muito cara, acharam melhor não correrem o risco que tudo fosse lambido pelo fogo.

Após alguns dias de procura, acabaram se hospedando no Grand Hotel de Montreux, no qual alguns corredores e escadas se transformaram em um estúdio improvisado. Boa parte do Machine Head foi gravado lá, incluindo Smoke, apesar de esta mesma ter sido escrita depois. De uma grande tragédia saiu algo bom mas, nem sempre isso acontece. 

Portanto, sábios torcedores e por favor, não vamos nos esquecer dos outros "gênios" que soltaram fogos de artifícios no palco da boate Kiss e causaram uma tragédia de grande proporções, parem de inventar moda! A segurança em locais públicos agradece.

Em qual disco você pode achar: Machine Head (1972)


domingo, 3 de março de 2013

As mentiras que as pessoas contam

Quem nunca bebeu demais que atire a primeira pedra. O triste de beber demais é que, via de regra, o dia seguinte é regado a muita água (de coco ou não), dor de cabeça, enjoo e a famosa frase "eu não vou beber nunca mais". É como promessa de ano novo: você sabe que não vai cumprir mas mesmo assim você faz para dar um jeito na ressaca moral.

Ah! Como é oriundo do ser humano mentir não? Dou 1 semana para a promessa cair por terra. E quem não bebe não tem história pra contar (pelo menos não suas e sim alheias). Digo mais, as maiores culturas inúteis  - ou úteis, depende do ponto de vista - e os melhores círculos sociais e bandas notáveis se formam na mesa de bar e regado a bebida.

Taí o Matanza que não me deixa mentir. Quer filosofia de boteco melhor que essa?? Abaixo transcrevo a bela canção que está regendo o meu domingo:

"Eu não bebo mais
Chega de beber conhaque de alcatraz
Gasolina de avião e óleo diesel "num" copo com limão

Eu não bebo mais
Show no Mercy, reign in blood, death rite
Cicuta club soda, gin é foda e Pau pereira nunca mais"

Te garanto que o dia que esse cara compôs essa música a ressaca estava nervosa. Mas, caro leitor deste bloguinho, falarei mais dessa banda que tem um clima de faroeste e arranca risos e te lembra de coisas impublicáveis.

Matanza foi criado para ser uma banda de diversão. Claro, tudo que envolve dinheiro e obrigações fica um pouco sério mas, falar sério o tempo todo enche o saco e até no campo musical é assim. Falar de amor, de desgraça, de morte e de mazelas é bom para uma tarde chuvosa e você olhando com cara de paisagem pela janela. Música inglesa me dá essa sensação de reflexão. Hoje eu não tô pra música inglesa, tô pra ouvir que bom é quando faz mal! Todo mundo gosta e precisa rir.

Veja a ideia das composições e se permita a concordar que é engraçado demais:


"No início era só falação de merda. Era “Eu Não Bebo Mais”, “Ela Roubou Meu Caminhão”, éramos muito isso, muito de verdade pra gente. Bebíamos pra caralho, naquele momento só fazia sentido falar disso. Eu tenho o maior orgulho disso, realmente acho que a gente inventou um estilo, eu não conheço banda que faça country hardcore. Conheço uma porrada de maluco que faz country rock, southern rock… Aquele disco, o “To Hell”, só com músicas do Johnny Cash, é um disco de country hardcore. Tocamos 13 músicas de 13 maneiras diferentes de misturar country com hardcore, não com rock. Aquilo ninguém fez. Se nós tivemos um momento do ápice do country hardcore, é aquele momento. E o mérito é do compositor Donida, que eu considero um maluco brilhante, fora do normal."

Para fechar, só digo uma coisa: Um beijo pra você, que assim como eu, se divertiu horrores no sábado, ensaiando no estúdio, bebendo vodka como se não houvesse amanhã (aham, tá senta lá Cláudia) e está arcando com as consequências disso.  Fica a minha promessa: Eu não bebo mais.